quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Contato ou Conexão?

Um monge estava sendo entrevistado em Nova York.
O jornalista perguntou:
Em sua última conferência, o senhor falou sobre o tema: "Contato e Conexão". Poderia explicar melhor?
O monge sorriu e respondeu:
-Você é de Nova York?
-Sim ...
E quem está na sua casa agora?
O jornalista sentiu que o monge estava tentando evitar a questão com perguntas pessoais e injustificadas. Mesmo assim respondeu:
Minha mãe morreu, meu pai está lá sozinho.
Tenho três irmãos e uma irmã, todos casados
O Monge insistiu:
Você está falando com seu pai? Quando falou com ele pela última vez?
O jornalista, reprimindo seu aborrecimento, disse:
Talvez há um mês.
O monge voltou a perguntar:
E com seus irmãos?
Eles se frequentam com frequência? 
Quando você se encontrou pela última vez com um membro da família?
Parecia que o jornalista é que estava sendo entrevistado.
Com um suspiro, ele explicou:
No Natal dois anos atrás.
E por quantos dias ficaram juntos?
-Três dias...
-E ... Quanto tempo você passou com seu pai, sentado ao lado dele?
O jornalista, confuso e envergonhado, começou a rabiscar algo em um pedaço de papel ...
Vocês tomaram café da manhã, almoçaram ou jantaram juntos? Seus irmãos perguntaram como ele estava? Ou como você passou os dias após a morte de sua mãe?
Lágrimas escorriam dos olhos do jornalista.
O monge segurou-lhe a mão e disse:
Não fique constrangido, chateado ou triste. Lamento ter magoado você sem saber, mas esta é basicamente a resposta para sua pergunta "Contato e conexão".
Você tem "contato" com seu pai, mas não tem nenhuma "conexão" com ele.
Você não está "conectado" a ele.
A "conexão" é entre coração e coração: sentar junto, compartilhar refeições, cuidar um do outro, tocar, apertar as mãos, encontrar os olhos um do outro, passar tempo junto ...
Você, junto com seus irmãos e irmã, tem "contato", mas nenhuma "conexão".
Esta é uma realidade:
Seja em casa ou na sociedade, todos temos muitos “contatos”, mas pouca “conexão”.
Estamos todos ocupados em nosso próprio mundo.

                                                                       (Desconheço a autoria)

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Só quem vive bem os AGOSTOS é merecedor da Primavera!

Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.

Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.

O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.

Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.

Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras. Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela. Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera!

Miryan Lucy de Rezende
Escritora e Educadora Infantil