sábado, 20 de junho de 2020

Sentar-se à Janela


Era criança quando, pela primeira vez, entrei em um avião.
A ansiedade de voar era enorme.
Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido até a decolagem.
Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul.
Tudo era novidade e fantasia..
Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante.
As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia.
No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal.
O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.
Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido.
As poltronas do corredor agora eram exigência . Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem, comigo mesmo.
Por um desses maravilhosos 'acasos' do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível.
O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona.
Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque.
Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar.
E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara.
Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga.
Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu.
Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer.
Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista.
Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal?
Creio que aos
 poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida. 
A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.
Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece.
Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e 'ganhar tempo', pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar.
A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante.
Não sabemos quanto tempo ainda nos resta.
Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.
Afinal, 'a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos'.



     Autoria atribuída a Alexandre Garcia - Jornalista, apresentador e colunista de política brasileira. 

Tempo... Tempo... Tempo



                                  Por Airton Luiz Mendonça ( Artigo do jornal o Estado de São Paulo )

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos. 
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo. 

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea. 
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. 
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: 
Nosso cérebro é extremamente otimizado. 
Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. 
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.. 
Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. 

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. 
É quando você se sente mais vivo. 
Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando" as experiências duplicadas. 
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente. 
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. 
Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo. 

Como acontece? 

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência). 

Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... 
São apagados de sua noção de passagem do tempo... 
Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. 

Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir -as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. 

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. 
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...ROTINA 
Não me entenda mal. 
A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos. 

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque). 
Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos. 
Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas. 

Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia). 
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais. 
Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. 

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente. 
Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. 
Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes. 

Seja diferente. 
Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos..... em outras palavras...... V-I-V-A. 

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo. 
E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais  v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí. 

Cerque-se de amigos. 
Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes. 
Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é? 

Boa sorte em NOSSAS experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida. 


E SCR EVA em tAmaNhos diFeRenTes e em CorES di fE r En tEs !
CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, INVENTE, REINVETE......

Tipos de "Malas" no ambiente de Trabalho



Bruna Gasgon é consultora em comunicação, tem formação em publicidade e propaganda, em artes cênicas, também é atriz e diretora de teatro. Por conta disso, conviveu com pessoas vaidosas, cujo ego, não raro, era bem maior que o talento. Então, resolveu usar sua experiência de mais de 35 anos e montar um curso para ajudar as pessoas a lidarem com gente muito, muito chata. Se você não se encaixa no tipo, certamente trabalha, já trabalhou ou, um dia, terá de dividir espaço com um. 'Nem adianta mudar de emprego, a não ser que a coisa saia do controle. Você muda o elenco, mas o time continua o mesmo', diz Bruna. Aprenda a identificar os tipos e a neutralizá-los. 

Brucutu 

É a pessoa grossa, explosiva, briguenta. Um 'cavalo'. 
Como neutralizar: Espere o acesso de raiva (dele) passar e imponha respeito. Mostre que não aceitará esse tratamento. 'O brucutu é como um brinquedinho de corda: uma hora para', alivia Bruna. 'Espere a corda acabar.' 

Kid Tocaia 

Suas armas: a calúnia, a inveja, a difamação. Quando confrontado, se defende dizendo 'é brincadeirinha!' para desarmá-la. 
Como neutralizar: 'Devolva a ironia. Ele diz que seu cabelo está horroroso? Diga que também não gostou e que vai processar o cabeleireiro!' 

Sabe-Tudo 

Precisa contar para todo mundo que é superior em tudo. Tem a melhor casa, o melhor carro... Não gosta de ouvir, mas adora falar. 
Como neutralizar: 'Ele precisa de plateia. Não caia na tentação de desafiá-lo e acabará agindo como ele'. 

Frente-Fria 

Joga um balde de água fria em suas conquistas. É gente que anda na calçada escura da vida. Se você trocou de carro, lá vem a bomba: 'É o modelo mais visado pelos bandidos!' 
Como neutralizar: Cuidado, o tipo contamina. Ouça um pouco, diga que está com pressa e saia de fininho. 

Enigma 

Mais comum entre as mulheres. É a colega que se ofende por bobagem e fica dias de cara amarrada. Ela quer que você se esforce tentando agradá-la. 
Como neutralizar: Aja naturalmente, sorria sempre e não pergunte o motivo da cara feia. Ela não vai dizer mesmo... 

Disk-Problema 

Anda com uma nuvem negra sobre a cabeça em dia de sol escaldante. Se queixa de tudo, sempre, sem parar. 
Como neutralizar: 'Apresente soluções para os problemas. Com sorte, ele até pode acatar suas sugestões. Mas cuidado para não começar a reclamar também'. 

Cuidado para não virar um deles: 

· Pare de reclamar dos chatos, senão, em pouco tempo, você se tornará um. Por mais absurdo que possa parecer, até os insuportáveis têm algum ponto positivo. Esforce-se para descobrir e explorá-lo 

· Jamais perca a cabeça. Seja mais paciente e tolerante com as pessoas ao seu redor. É a melhor forma de conseguir a colaboração de todos 

· Não tente transformar ninguém. Tente, isso sim, mudar suas atitudes diante de gente problemática. Ao reagir de outra forma, ele também vai tratar você de maneira diferente 

· Não se deixe envolver e não entre para o time dos insuportáveis. Lembre-se: você é feliz. Eles é que não são.