O cavalheiro com silenciosa regularidade inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, retirava tudo o que poderia contaminar ou atrapalhar o fluxo da corrente de água fresca.
Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. As plantações eram naturalmente irrigadas, e a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.
Os anos foram passando, e certo dia em uma reunião do conselho da cidade, um dos membros resolveu questionar a necessidade de um zelador para a fonte. De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele homem estava sendo pago há anos, pela cidade. E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma.
Seu discurso a todos convenceu. O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.
Nas semanas seguintes, nada mudou, mas no outono as árvores começaram a perder as folhas. Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.
Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. Os cisnes emigraram para outras bandas. Os turistas abandonaram o local, e a enfermidade chegou ao povoado.
O conselho municipal então, em sessão extraordinária e imediatamente recontratou o zelador da fonte.
Algumas semanas depois, as águas do rio da vida começaram a clarear, os cisnes voltaram e a vida foi retomando seu curso.
* * *
Assim como o Conselho da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados servidores.
Aqueles que se desdobram, todos os dias, para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas; os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos.
Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa.
Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los.
Mas, sem seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.
O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável.
Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá.
Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para ser felizes!
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no capitulo O zelador da fonte, de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press - em 24.01.24