terça-feira, 20 de novembro de 2018

A gente morre e tudo fica ai...

A gente morre e fica tudo aí, os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou para ter status. 
A gente morre sem sequer guardar as comidas na geladeira, tudo apodrece, a roupa fica no varal.
A gente morre, se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos, a vida continua, as pessoas superam e seguem suas rotinas normalmente. 
A gente morre e todos os grandes problemas que achávamos que tínhamos se transformam em um imenso vazio, não existem problemas. 
Os problemas moram dentro de nós. 
As coisas têm a energia que colocamos nelas e exercem em nós a influência que permitimos. 
A gente morre e o mundo continua caótico, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença. 
Na verdade, não faz. Somos pequenos, porém, prepotentes. 
Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita. 
A gente morre, pois é. É bem assim: Piscou, morreu. 
O cachorro é doado e se apega aos novos donos. 
Os viúvos se casam novamente, fazem sexo, andam de mãos dadas e vão ao cinema. 
A gente morre e somos rapidamente substituídos no cargo que ocupávamos na empresa. 
As coisas que sequer emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora. 
Quando menos se espera, a gente morre. Aliás, quem espera morrer? 
Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor. 
Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, fizesse amor hoje, talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço. 
Talvez a gente esperasse menos dos outros, se a gente esperasse pela morte, talvez a gente perdoasse mais, risse mais, saísse a tarde para ver o mar, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro. Quem sabe, a gente entendesse que não vale a pena se entristecer com as coisas banais, ouvisse mais música e dançasse mesmo sem saber. 
O tempo voa. 
A partir do momento que a gente nasce, começa a viagem veloz com destino ao fim - e ainda há aqueles que vivem com pressa! Sem se dar o presente de reparar que cada dia a mais é um dia a menos, porque a gente morre o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa. 
O que você está fazendo com o pouco tempo que te resta?


                                                                                                       (Desconheço a autoria)

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