quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

É pra você, Frevo...



E pensar que tudo começou com um guarda-chuva e uns golpes de capoeira... Ah, este povo, Leão do Norte, que não se contenta com pouco... e torna tudo genuinamente seu... 

Se dos pés do povo pernambucano surgiam conversas ritmadas, diálogos acrobáticos, prosas saltitantes, da inspiração dos nossos mestres compositores saíram letras e melodias que eternizaram essa linguagem. E a briga foi grande. Cada um que tentasse se comunicar melhor, com alma, com o coração. Cada um que tentasse traduzir melhor a emoção "frevida" de seu povo. 

Getúlio Cavalcanti saltou de lá e perguntou:
 ♫♪Quem conheceu Sebastião, de paletó na mão e aquele seu chapéu?♫♪ 

Luiz Bandeira não aguentou a distância e cheio de saudade gritou:
♫♪Voltei, Recife! Foi a saudade que me trouxe pelo braço. Quero ver novamente Vassoura na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo♫♪ 

Clídio Nigro e Clóvis Vieira imaginaram que Olinda não poderia ficar de fora. Então soltaram o verbo:
♫♪...Olinda, quero cantar, a ti esta canção: teus coqueirais, o teu sol, o teu mar, faz vibrar meu coração de amor, a sonhar, minha Olinda sem igual, salve o teu carnaval♫♪ 

Marambá e Aníbal Portela preferiram render homenagem às duas cidades fazendo ecoar: 
♫♪Evoé! ! O carnaval de Pernambuco é gozo, é o suco, graças ao frevo e à Federação♫♪ 

Os Irmãos Valença não acreditaram, acharam que a alegria daquele povo era sonho e começaram a cantar:
 ♫♪Eu tive um sonho que durou três dias, foi um sonho lindo, sonho encantador...♫♪ 

E Castelão completou: :
♫♪..que cara feia...agente não pode nem brincar....se essa olhada lhe aperreia então porque você veio brincar...:: ♫♪ 

Nelson Ferreira não se acostumava com a modernidade, com a ideia de acabar com o corso, com o romantismo dos carnavais de clube, queria o passado de volta. Saiu com essa: 
♫♪Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon! Cadê teus blocos famosos? ‘Blocos das Flores’, ‘Andaluzas’, ‘Pirilampos’, ‘Apôis Fum’, dos carnavais saudosos?♫♪ 

Edgar Moraes também relembrava os antigos carnavais: 
♫♪...Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé, os queridos Batutas da Boa Vista, e os Turunas de São José. Príncipes dos Príncipes brilhou, Lira da Noite também vibrou, e o Bloco da Saudade assim recorda tudo que passou...♫♪ 

Capiba, então, não deixou por menos. Mostrou que pernambucano é cabra da peste, que não veio neste mundo a passeio. Mandou, na lata, mostrando nossa força e tradição:
♫♪... e se aqui estamos cantando essa canção, viemos defender a nossa tradição e dizer bem alto que a injustiça dói: nós somos madeira de lei que o cupim não rói!♫♪ 

Luiz Bandeira tentou amenizar a situação, lembrando que tudo tem um dia pra acabar: 
♫♪Oh! quarta-feira ingrata, chega tão depressa só pra contrariar...♫♪ 

Mas o mestre João Santiago, que não estava nem aí, queria mais. Assim, largou o verso e deixou o frevo rolar: 
♫♪Eu quero entrar na folia, meu bem! Você sabe lá o que é isso... Deixa o frevo rolar, eu só quero saber se você vai brincar. Ai, meu bem, sem você não ha carnaval. Vamos cair no passo e a vida gozar♫♪ 

Foi assim, é assim, assim sempre será. Esta é a nossa mais bela e prazerosa forma de comunicação. Alguns mestres se foram, outros vivem entre nós, novos surgem, e todos continuam embalando nossa memória, reescrevendo a nossa história, fazendo pulsar os corações, frever os nossos pés, criando novas formas de expressão, mantendo viva a linguagem do nosso povo, que fala com o corpo, com a alma e o coração. 

Parabéns aos que continuam a nossa história! Parabéns ao frevo, Patrimônio Imaterial da Humanidade... e todo nosso! 


(Recebido pelo WhatsApp sem identificação da autoria!)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

"Pare de correr porque o fim chega mais depressa"


( Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha na Volvo.)

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.

Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:

1. O país é do tamanho de São Paulo;

2. O país tem 2 milhões de habitantes;

3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);

4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?

5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.

Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: "Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final."

Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?".

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado "Slow Food". A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!).

O que o movimento "Slow Food" prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.

A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele Representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do "Slow Food" está servindo de base para um movimento mais amplo chamado "Slow" Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas( 35 horas por semana ) são mais produtivos que seus colegas Americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?

Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos."

"Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.

Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon: - "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Os 10 Mandamentos da Terceira Idade



1º – Não se aposente da vida para se tornar a praga da Família. A vida é atividade e o verdadeiro elixir da eterna juventude é o dinamismo. Não despreze as ocupações enquanto tiver energia para as lutas cotidianas.

2º – Seja independente e preserve a sua liberdade mesmo que seja dentro de um quartinho.Quem renuncia ao próprio lar, obriga-se a andar na ponta dos pés para evitar atritos com noras, genros, netos e outros parentes.

3º – Mantenha o governo da sua própria bolsa. Ajude os seus filhos financeiramente, na medida das suas posses; reserve uma parte para emergências e lembre-se que um filho ambicioso pode ser mais temível que um inimigo.

4º – Cultive a arte da amizade como se fosse uma planta rara, cercando os familiares de cuidados, como se fossem flores. Se a sua memória estiver falhando, anote numa agenda sentimental as datas mais importantes das suas vidas e compartilhe com eles a alegria de estar presente.

5º – Cuide da sua aparência e seja o mais atraente possível. Não seja um daqueles velhos relaxados, que exibem caspa na gola do paletó e manchas de gordura na roupa que revelam o cardápio da semana. Nunca despreze o uso de água e sabão.

6º – Seja cordial com os seus vizinhos. Evite implicar-se com o latido do cachorro, o miado do gato, o lixo fedorento na calçada ou o volume do rádio. Um bom vizinho é sempre um tesouro, especialmente se os parentes morarem distantes.

7º – Cuidado com o nariz e não se intrometa na vida dos filhos adultos. Eles são seres com cérebro, coração, vontade e contam com muitos anos para cometerem oa seus próprios erros.

8º – Fuja do vício mais comum da velhice, que é a “presunção”. A longa vida pode não lhe ter trazido sabedoria. Há muitos que chegam ao fim da jornada tão ignorantes como no início dela. Deixe que a “humildade” seja a sua marca mais forte.

9º – Os cabelos brancos não lhe dão o privilégio de ser ranzinza e inconveniente. Lembre-se que toda paciência tem limite e que não há nada mais desagradável do que alguém desejar a sua morte.

10º – Não seja repetitivo, contando a mesma história três, quatro, cinco vezes. Quem olha só para o passado, tropeça no presente e não vê a passagem para o futuro.

(Adaptação de “Compreendendo Melhor Como Viver a Terceira Idade, na Opinião da Terceira Idade”, do Dr. Conceil Corrêa da Silva)


Fonte: www.aterceiraidade.net