E pensar que tudo começou com um guarda-chuva e uns golpes de capoeira... Ah, este povo, Leão do Norte, que não se contenta com pouco... e torna tudo genuinamente seu...
Se dos pés do povo pernambucano surgiam conversas ritmadas, diálogos acrobáticos, prosas saltitantes, da inspiração dos nossos mestres compositores saíram letras e melodias que eternizaram essa linguagem. E a briga foi grande. Cada um que tentasse se comunicar melhor, com alma, com o coração. Cada um que tentasse traduzir melhor a emoção "frevida" de seu povo.
Getúlio Cavalcanti saltou de lá e perguntou:
♫♪Quem conheceu Sebastião, de paletó na mão e aquele seu chapéu?♫♪
Luiz Bandeira não aguentou a distância e cheio de saudade gritou:
♫♪Voltei, Recife! Foi a saudade que me trouxe pelo braço. Quero ver novamente Vassoura na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo♫♪
Clídio Nigro e Clóvis Vieira imaginaram que Olinda não poderia ficar de fora. Então soltaram o verbo:
♫♪...Olinda, quero cantar, a ti esta canção: teus coqueirais, o teu sol, o teu mar, faz vibrar meu coração de amor, a sonhar, minha Olinda sem igual, salve o teu carnaval♫♪
Marambá e Aníbal Portela preferiram render homenagem às duas cidades fazendo ecoar:
♫♪Evoé! ! O carnaval de Pernambuco é gozo, é o suco, graças ao frevo e à Federação♫♪
Os Irmãos Valença não acreditaram, acharam que a alegria daquele povo era sonho e começaram a cantar:
♫♪Eu tive um sonho que durou três dias, foi um sonho lindo, sonho encantador...♫♪
E Castelão completou: :
♫♪..que cara feia...agente não pode nem brincar....se essa olhada lhe aperreia então porque você veio brincar...:: ♫♪
Nelson Ferreira não se acostumava com a modernidade, com a ideia de acabar com o corso, com o romantismo dos carnavais de clube, queria o passado de volta. Saiu com essa:
♫♪Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon! Cadê teus blocos famosos? ‘Blocos das Flores’, ‘Andaluzas’, ‘Pirilampos’, ‘Apôis Fum’, dos carnavais saudosos?♫♪
Edgar Moraes também relembrava os antigos carnavais:
♫♪...Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé, os queridos Batutas da Boa Vista, e os Turunas de São José. Príncipes dos Príncipes brilhou, Lira da Noite também vibrou, e o Bloco da Saudade assim recorda tudo que passou...♫♪
Capiba, então, não deixou por menos. Mostrou que pernambucano é cabra da peste, que não veio neste mundo a passeio. Mandou, na lata, mostrando nossa força e tradição:
♫♪... e se aqui estamos cantando essa canção, viemos defender a nossa tradição e dizer bem alto que a injustiça dói: nós somos madeira de lei que o cupim não rói!♫♪
Luiz Bandeira tentou amenizar a situação, lembrando que tudo tem um dia pra acabar:
♫♪Oh! quarta-feira ingrata, chega tão depressa só pra contrariar...♫♪
Mas o mestre João Santiago, que não estava nem aí, queria mais. Assim, largou o verso e deixou o frevo rolar:
♫♪Eu quero entrar na folia, meu bem! Você sabe lá o que é isso... Deixa o frevo rolar, eu só quero saber se você vai brincar. Ai, meu bem, sem você não ha carnaval. Vamos cair no passo e a vida gozar♫♪
Foi assim, é assim, assim sempre será. Esta é a nossa mais bela e prazerosa forma de comunicação. Alguns mestres se foram, outros vivem entre nós, novos surgem, e todos continuam embalando nossa memória, reescrevendo a nossa história, fazendo pulsar os corações, frever os nossos pés, criando novas formas de expressão, mantendo viva a linguagem do nosso povo, que fala com o corpo, com a alma e o coração.
Parabéns aos que continuam a nossa história! Parabéns ao frevo, Patrimônio Imaterial da Humanidade... e todo nosso!
(Recebido pelo WhatsApp sem identificação da autoria!)
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